Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

ORGULHO HUMANO QUE EXPLORA A CRIAÇÃO DESTRÓI






A catequese do Papa Francisco nesta Quarta-feira foi sobre a esperança cristã e a criação
 
 
Partindo partindo do cap. 8 da epístola de S. Paulo aos Romanos, o Santo Padre referiu que o orgulho humano, ao explorar a criação, também a destrói.

Deu o exemplo da água que nos dá vida; contaminando-a, destrói-se a criação.



O texto da catequese do Santo Padre:

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 2017

Bom dia, estimados irmãos e irmãs!

Muitas vezes somos tentados a pensar que a criação é uma nossa propriedade, uma posse a ser desfrutada a nosso bel-prazer e da qual não devemos prestar contas a ninguém.
No trecho da Carta aos Romanos (8, 19-27) da qual há pouco ouvimos uma parte, o Apóstolo Paulo recorda-nos ao contrário que a criação é um dom maravilhoso que Deus colocou nas nossas mãos, para podermos entrar em relação com Ele e nela reconhecer o vestígio do seu desígnio de amor, para cuja realização todos nós somos chamados a colaborar, dia após dia.

No entanto, quando se deixa levar pelo egoísmo, o ser humano acaba por estragar até as coisas mais bonitas que lhe foram confiadas.
E assim aconteceu inclusive no caso da criação.
Pensemos na água.
A água é um bem belíssimo e deveras importante; a água dá-nos vida, ajudando-nos em tudo, mas para explorar os minerais contamina-se a água, deturpa-se e destrói-se a criação.
Este é apenas um exemplo. Há muitos outros.
Com a trágica experiência do pecado, rompendo a comunhão com Deus, transgredimos a comunhão originária com tudo aquilo que nos circunda e acabamos por corromper a criação, tornando-a deste modo escrava, submetida à nossa caducidade.
E infelizmente a consequência de tudo isto salta de maneira dramática aos nossos olhos, todos os dias.
Quando rompe a comunhão com Deus, o homem perde a sua beleza originária e acaba por desfigurar tudo ao seu redor; e onde antes tudo remetia ao Pai Criador e ao seu amor infinito, agora tem o sinal triste e desolado do orgulho e da voracidade do homem.
Explorando a criação, o orgulho humano destrói.

Contudo, o Senhor não nos deixa sozinhos e até nesta situação desoladora nos oferece uma nova perspectiva de libertação, de salvação universal.
É aquilo que Paulo põe em evidência com alegria, convidando-nos a dar ouvidos aos gemidos de toda a criação.
Com efeito, se prestarmos atenção, ao nosso redor tudo geme: a própria criação geme, nós seres humanos gememos, e até o Espírito geme dentro de nós, no nosso coração.
Pois bem, estes gemidos não são uma lamentação estéril, desconsolada, mas — como esclarece o Apóstolo — são os gemidos de uma mulher em trabalho de parto; trata-se dos gemidos de quem sofre, mas sabe que está prestes a nascer uma nova vida.
E no nosso caso é realmente assim.
Nós ainda estamos a braços com as consequências do nosso pecado e, ao nosso redor, tudo ainda tem o sinal dos nossos esforços, das nossas faltas, dos nossos fechamentos.
Mas ao mesmo tempo, sabemos que fomos salvos pelo Senhor e já nos é dado contemplar e antecipar, em nós e no que nos circunda, os sinais da Ressurreição, da Páscoa que actua uma nova criação.

Este é o conteúdo da nossa esperança.
O cristão não vive fora do mundo, sabe reconhecer na sua vida e naquilo que o circunda os sinais do mal, do egoísmo e do pecado.
É solidário com quantos sofrem, com que chora, com os marginalizados, com aqueles que se sentem desesperados...
Mas ao mesmo tempo, o cristão aprendeu a ler tudo isto com os olhos da Páscoa, com os olhos de Cristo Ressuscitado.
E então, sabe que vivemos o tempo da espera, o tempo de um anseio que vai além do presente, o tempo do cumprimento.
Na esperança, nós sabemos que o Senhor quer purificar definitivamente com a sua misericórdia os corações feridos e humilhados, bem como tudo o que o homem deturpou na sua impiedade, e que deste modo Ele regenera um mundo novo e uma humanidade nova, finalmente reconciliados no seu amor.

Quantas vezes nós, cristãos, somos tentados pela desilusão, pelo pessimismo...
Às vezes abandona-mo-nos à lamentação inútil, ou então permanecemos sem palavras e nem sequer sabemos o que pedir, o que esperar...
Mas vem de novo em nossa ajuda o Espírito Santo, suspiro da nossa esperança, que mantém vivos o gemido e a expectativa do nosso coração.
O Espírito vê por nós além das aparências negativas do presente, revelando-nos desde já os novos céus, a nova terra que o Senhor continua a preparar para a humanidade.


Fontes: Santa Sé; Rádio Vaticano


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