Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

O PARAÍSO, META DA NOSSA ESPERANÇA



O Papa concluiu o ciclo das reflexões dedicadas ao tema da esperança cristã

Falou sobre a meta final da existência
   
   
«O paraíso, meta da nossa esperança» foi o fio condutor da 38ª e última catequese sobre este tema, centrada no trecho do Evangelho de Lucas que narra o diálogo entre Cristo crucificado e o bom ladrão (23, 33.38-43).

O Santo Padre inspirou-se na constatação de que “paraíso” é uma das últimas palavras pronunciadas por Jesus na Cruz, ao dirigir-se ao bom ladrão.
O Papa Francisco convidou a deter-se sobre essa cena em que ao lado de Jesus, estão dois malfeitores, um dos quais reconhece ter merecido aquele terrível suplício.
Jesus chama-o de “o bom ladrão”.

No Calvário, naquela sexta-feira trágica e santa, Jesus chega ao extremo da sua encarnação, da sua solidariedade com nós pecadores.
Ali realiza-se quanto o profeta Isaías tinha dito sobre o Servo sofredor:
«E foi contado entre os malfeitores»“.

A atitude do bom ladrão, recorda-nos – prossegui o Papa, que somos filhos de Deus, que Ele sente compaixão em relação a nós e que fica desarmado cada vez que lhe manifestamos a nostalgia do seu amor.

Nos quartos de muitos hospitais ou nas celas das prisões este milagre repete-se inúmeras vezes: não há pessoa alguma, por quanto tenha vivido mal, à qual só lhe resta o desespero e à qual seja proibida a graça.
Diante de Deus apresentamo-nos todos de mãos vazias, um pouco como o publicano da parábola que tinha parado para rezar no fundo do templo (cf. Lc 18,13).
E todas as vezes que um homem, fazendo o último exame de consciência da sua vida, descobre que as faltas superam de forma considerável as boas obras, não deve desanimar, mas entregar-se à misericórdia de Deus.”


Transcrição da catequese do Santo Padre:

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Quarta-feira, 25 de Outubro de 2017

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Esta é a última catequese sobre o tema da esperança cristã, que nos acompanhou desde o início do presente ano litúrgico.
E vou concluir falando do paraíso, como meta da nossa esperança.

«Paraíso» é uma das últimas palavras pronunciadas por Jesus na cruz, dirigida ao bom ladrão.
Detenhamo-nos um momento sobre aquela cena.
Na cruz, Jesus não está sozinho.
Ao seu lado, à direita e à esquerda, há dois malfeitores.

Talvez, passando diante daquelas três cruzes erguidas no Gólgota, alguém suspirou aliviado, pensando que finalmente a justiça tinha sido feita entregando à morte pessoas como elas.

Ao lado de Jesus há também um réu confesso: alguém que reconhece ter merecido aquele terrível suplício.
Chamamo-lo “bom ladrão”, o qual, opondo-se ao outro, diz: recebemos o que mereceram os nossos crimes (cf. Lc 23, 41)

No Calvário, naquela sexta-feira trágica e santa, Jesus chega ao extremo da sua encarnação, da sua solidariedade com nós pecadores.
Ali realiza-se quanto o profeta Isaías tinha dito sobre o Servo sofredor: «E foi contado entre os malfeitores» (Is 53, 12; cf. Lc 22, 37).

É precisamente no Calvário que Jesus tem o último encontro com um pecador, para abrir de par em par as portas do seu Reino.
Isto é interessante: é a única vez que a palavra “paraíso” aparece nos evangelhos.
Jesus promete-o a um “pobre diabo” que no madeiro da cruz teve a coragem de lhe dirigir o mais humilde dos pedidos: «Lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino!» (Lc 23, 42).
Não tinha boas obras para apresentar, nada possuía, mas confia-se a Deus, que reconhece como inocente, bom, tão diferente dele (v. 41).
Foi suficiente aquela palavra de arrependimento humilde, para sensibilizar o coração de Jesus.

O bom ladrão faz-nos lembrar a nossa verdadeira condição diante de Deus: que somos seus filhos, que Ele sente compaixão por nós, que Ele está desarmado todas as vezes que lhe manifestamos a nostalgia do seu amor.
Nos quartos de muitos hospitais ou nas celas das prisões este milagre repete-se inúmeras vezes: não há pessoa alguma, por quanto tenha vivido mal, à qual só lhe resta o desespero e à qual seja proibida a graça.
Diante de Deus apresentamo-nos todos de mãos vazias, um pouco como o publicano da parábola que tinha parado para rezar no fundo do templo (cf. Lc 18,13).
E todas as vezes que um homem, fazendo o último exame de consciência da sua vida, descobre que as faltas superam de forma considerável as boas obras, não deve desanimar, mas entregar-se à misericórdia de Deus.
E isto dá-nos esperança, abre-nos o coração!

Deus é Pai, e até ao último instante espera o nosso retorno.
E ao filho pródigo, que regressando começa a confessar as suas culpas, o pai fecha-lhe a boca com um abraço (cf. Lc 15, 20).
Este é Deus: ama-nos deste modo!

O paraíso não é um lugar de fábula, nem sequer um jardim encantado.
O paraíso é o abraço com Deus, Amor infinito, e entramos nele graças a Jesus, que morreu na cruz por nós.
Onde há Jesus, há misericórdia e felicidade; sem Ele há frio e trevas.
Na hora da morte, o cristão repete a Jesus: “Recorda-te de mim”.
E mesmo se não houvesse mais ninguém que se recorda de nós, Jesus está ali, ao nosso lado.
Quer levar-nos para o lugar mais bonito que existe.
Deseja levar-nos lá com aquele pouco ou tanto de bom que houve na nossa vida, para que nada seja perdido do que Ele já tinha redimido.
E para a casa do Pai levará também tudo o que em nós ainda precisa de ser resgatado: as faltas e os erros de uma vida inteira.
Esta é a meta da nossa existência: que tudo se cumpra, e seja transformado em amor.

Se acreditarmos nisto, a morte deixa de nos amedrontar, e podemos também ter a esperança de partir deste mundo de maneira serena, com muita confiança.
Quem conheceu Jesus, já nada teme.
E poderemos repetir também nós as palavras do Velho Simeão, também ele abençoado pelo encontro com Cristo, depois de uma vida inteira consumida em expectativa: «Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. Porque os meus olhos viram a vossa salvação» (Lc 2, 29-30).

E naquele instante, finalmente, já não teremos necessidade de nada, já não veremos de maneira confusa.
Já não choraremos inutilmente, porque tudo passou; também as profecias, inclusive o conhecimento.
Mas o amor não, esse permanece. Porque «a caridade jamais acabará» (cf. 1 Cor 13,8).


Fontes: Santa Sé; Rádio Vaticano; L'Osservatore Romano


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