Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

O SEGUNDO DIA DO SANTO PADRE NO BANGLADESH

Presidiu à Missa com ordenações sacerdotais
Encontrou-se com a Primeira Ministra
Esteve com os Bispos de Bangladesh
Participou no Encontro Inter-religioso e Ecuménico pela Paz
E também se encontrou com refugiados Rohingya
   
   
Na manhã desta Sexta-feira, na única Missa pública celebrada em Bangladesh, e que reuniu 100 mil fiéis de todo o país, o Papa Francisco ordenou 16 novos sacerdotes formados no Seminário Maior do Espírito Santo, que actualmente acolhe 400 estudantes.
A pequena comunidade católica neste país de maioria muçulmana é de 500 mil pessoas, cerca de 0,2% da população.

Da Homilia do Papa Francisco:

«No momento em que estes nossos filhos, que são familiares e amigos vossos, vão entrar na Ordem dos presbíteros, ponderai com atenção o grau do ministério a que eles são elevados.
O nosso grande Sacerdote, Jesus Cristo, escolheu alguns discípulos para desempenharem na Igreja, em seu nome, o ministério sacerdotal em favor dos homens.
Os presbíteros são constituídos cooperadores dos Bispos e, associados a eles na missão sacerdotal, são chamados ao serviço do povo de Deus.»


«Vós, queridos filhos, que ides entrar na Ordem dos presbíteros, exercereis, no que vos compete, o sagrado múnus de ensinar em nome de Cristo, nosso Mestre.
Distribuí a todos a palavra de Deus que vós mesmos recebestes com alegria.
Meditando na lei do Senhor, procurai crer o que ledes, ensinar o que credes e viver o que ensinais.

Seja o vosso ensino alimento para o povo de Deus, e o vosso viver motivo de alegria para os fiéis de Cristo, para edificardes, pela palavra e pelo exemplo, a casa que é a Igreja de Deus.»





O primeiro compromisso do Papa Francisco na tarde desta Sexta-feira foi o encontro com a Primeira Ministra de Bangladesh, Sra. Shekh Hasina, na Nunciatura Apostólica em Daca.


Shekh Hasina é filha do “Pai da Nação”, o Xeique Mujibur Rahman.
Em 1975 toda a família do Xeique Mujibur foi assassinada pelo exército rebelde.
Ela e sua irmã, por estarem em visita à Alemanha Ocidental, sobreviveram ao massacre.
Em 1986 tornou-se líder da oposição no Parlamento e desde 1996 assume o cargo de Primeiro Ministro.



No encontro que o Papa Francisco teve com os dez Bispos do país pediu que demonstrem uma proximidade maior aos fiéis leigos e enalteceu a actividade social realizada pela Igreja em prol das famílias, o empenho na promoção das mulheres, e antes de tudo, a opção pelos pobres indicada no Plano Pastoral.


«Agradou-me de modo particular a sua referência ao clarividente Plano Pastoral de 1985, que pôs em evidência os princípios evangélicos e as prioridades que guiaram a vida e a missão da comunidade eclesial nesta jovem nação.

Gosto também da duração deste plano pastoral, porque uma das doenças dos planos pastorais é que morrem jovens.
Mas este está vivo desde 1985: Parabéns! Bom sucesso!
Vê-se que foi bem feito, reflecte a realidade do país e as necessidades pastorais; e reflecte também a perseverança dos bispos.

No coração do Plano Pastoral, esteve a realidade da comunhão, que continua a inspirar o zelo missionário que caracteriza a Igreja no Bangladesh.
A vossa própria guia episcopal esteve tradicionalmente marcada pelo espírito de colegialidade e apoio mútuo.
Isto é admirável!
Este espírito de afecto colegial é compartilhado pelos vossos sacerdotes e, através deles, propagou-se pelas paróquias, pelas comunidades e pelos multiformes serviços de apostolado das vossas Igrejas locais.
Nas vossas dioceses, expressa-se na seriedade com que vos dedicais às visitas pastorais e demonstrais um real interesse pelo bem do vosso povo.
Peço-vos para perseverardes neste ministério de presença.»



No Encontro Inter-religioso e Ecuménico em prol da Paz no Bangladesh, o Papa Francisco começou por referir que encontro, que reúne os representantes das diversas comunidades religiosas deste país, constitui um momento muito significativo da sua visita ao Bangladesh.

«Reunimo-nos para aprofundar a nossa amizade e para expressar o desejo comum do dom duma paz genuína e duradoura.»

E falou da abertura do coração, condição para uma cultura do encontro.

«Em primeiro lugar, é uma porta.
Não é uma teoria abstracta, mas uma experiência vivenciada.
Permite-nos empreender, não um mero intercâmbio de ideias, mas um diálogo de vida.
Requer boa vontade e acolhimento, mas não deve ser confundida com a indiferença ou a hesitação em expressar as nossas convicções mais profundas.
Comprometer-se frutuosamente com o outro significa partilhar as nossas diferentes identidades religiosas e culturais, mas sempre com humildade, honestidade e respeito.

A abertura do coração é semelhante também a uma escada que alcança o Absoluto.
Ao lembrar esta dimensão transcendente da nossa actividade, damo-nos conta da necessidade de purificar os nossos corações, para podermos ver todas as coisas na sua verdadeira perspectiva.
Passo a passo, ir-se-á tornando mais clara a nossa visão e receberemos a força para perseverar no compromisso de compreender e valorizar os outros e o seu ponto de vista.
Assim, encontraremos a sabedoria e a força necessárias para estender a todos a mão da amizade.

A abertura do coração é também um caminho, que leva à busca de bondade, justiça e solidariedade.
Induz a procurar o bem do nosso próximo.
Assim exortou São Paulo, na sua carta aos cristãos de Roma: «Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem» (12, 21).
Trata-se de um sentimento que todos nós podemos imitar.

A solicitude religiosa pelo bem do nosso próximo, que brota dum coração aberto, flui como um grande rio, irrigando as terras áridas e desertas do ódio, da corrupção, da pobreza e da violência que lesa imenso as vidas humanas, divide as famílias e desfigura o dom da criação.»





Após o Encontro Inter-religioso e Ecuménico, o Santo Padre recebeu um grupo de refugiados Rohingya, 16 pessoas que fugiram de Mianmar.

A vossa tragédia é muito dura e dolorosa, mas damos-vos espaço no coração.
Em nome de todos aqueles que vos perseguiram, que vos fizeram mal, peço perdão.

Também estes irmãos e irmãs são a imagem do Deus vivo.
Uma tradição de vossa religião diz que Deus pegou a água e jogou sal nela, a alma dos homens.
Todos trazemos o sal de Deus dentro de nós.
Também estes irmãos e irmãs.

Faço apelo ao vosso grande coração a fim de que seja capaz de conceder-nos o perdão que pedimos, disse o Pontífice falando directamente a eles espontaneamente, ou seja, sem um texto previamente preparado.

Continuemos fazendo-nos próximos deles a fim de que seus direitos sejam reconhecidos.
Não fechemos o nosso coração, não desviemos o olhar para o outro lado.
A presença de Deus hoje chama-se também Rohingya.
Cada um tem a sua resposta, concluiu o Papa Francisco.


Fontes: Santa Sé; Rádio Vaticano



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