Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

sábado, 5 de maio de 2018

EU RENUNCIO, EU CREIO: A BASE DO BAPTISMO




O Papa Francisco dedicou a catequese desta semana aos momentos centrais do rito litúrgico do sacramento da iniciação cristã

   
   
Em especial, falou da invocação do Espírito sobre a água e da renúncia a Satanás, seguida pela profissão de fé: dois gestos, explicou, «estritamente ligados entre si», porque «na medida em que digo “não” às sugestões do diabo — aquele que divide — torno-me capaz de dizer “sim” a Deus, que me chama a conformar-me com Ele nos pensamentos e nas acções».





PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça São Pedro
Quarta-feira, 2 de Maio de 2018

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!

Prosseguindo a reflexão sobre o Baptismo, hoje gostaria de meditar sobre os ritos centrais, que têm lugar ao pé da pia baptismal.

Consideremos antes de tudo a água, sobre a qual é invocado o poder do Espírito, a fim de que tenha a força de regenerar e renovar (cf. Jo 3, 5 e Tt 3, 5).
A água é matriz de vida e de bem-estar, enquanto a sua falta provoca o esmorecimento de toda a fecundidade, como acontece no deserto; mas a água pode ser também causa de morte, quando submerge entre as suas ondas, ou em grande quantidade devasta tudo; por fim, a água tem a capacidade de lavar, limpar e purificar.

A partir deste simbolismo natural, universalmente reconhecido, a Bíblia descreve as intervenções e as promessas de Deus através do sinal da água.
No entanto, o poder de perdoar os pecados não está na água em si, como explicava Santo Ambrósio aos neófitos: «Viste a água, mas nem toda a água cura: só sara a água que tiver em si a graça de Cristo. [...] A acção é da água, mas a eficácia é do Espírito Santo» (De sacramentis 1, 15).

Por isso, a Igreja invoca a acção do Espírito sobre a água, «a fim de que, aqueles que nela receberem o Baptismo, sejam sepultados com Cristo na morte e, com Ele, ressuscitem para a vida imortal» (Rito do Baptismo das crianças, n. 60).
A prece de bênção diz que Deus preparou a água «para ser sinal do Baptismo», recordando as principais prefigurações bíblicas: sobre as águas primordiais pairava o Espírito, para as transformar em germe de vida (cf. Gn 1, 1-2); a água do dilúvio marcou o fim do pecado e o início da nova vida (cf. Gn 7, 6-8, 22); através da água do Mar Vermelho, os filhos de Abraão foram libertados da escravidão do Egipto (cf. Êx 14, 15-31).
A propósito de Jesus, recorda-se o Baptismo no Jordão (cf. Mt 3, 13-17), o sangue e a água derramados do seu lado (cf. Jo 19, 31-37), e o mandato dado aos discípulos, para baptizar todos os povos em nome da Trindade (cf. Mt 28, 19).
Revigorados por esta memória, pede-se a Deus que infunda na água da pia baptismal a graça de Cristo morto e ressuscitado (cf. Rito do Baptismo das crianças, n. 60).
E assim, esta água é transformada em água que traz em si a força do Espírito Santo.
E mediante esta água, com a força do Espírito Santo, baptizamos as pessoas, os adultos, as crianças, todos.

Santificada a água da pia baptismal, é preciso dispor o coração para aceder ao Baptismo.
Isto acontece mediante a renúncia a Satanás e a profissão de fé, dois gestos estritamente ligados entre si.
Na medida em que digo “não” às sugestões do diabo — aquele que divide — torno-me capaz de dizer “sim” a Deus, que me chama a conformar-me com Ele nos pensamentos e nas acções.
O diabo divide; Deus une sempre a comunidade, as pessoas num único povo.
Não é possível aderir a Cristo, impondo condições.
É necessário desapegar-se de certos vínculos para poder realmente abraçar outros; ou estás de bem com Deus, ou com o diabo.
Por isso, a renúncia e o ato de fé caminham juntos.
É preciso eliminar pontes, deixando-as atrás, para empreender o novo Caminho, que é Cristo.

A resposta às perguntas — «Renunciais a Satanás, a todas as suas obras e a todas as suas seduções?» — é dada na primeira pessoa do singular: «Renuncio».
E do mesmo modo é professada a fé da Igreja, dizendo: «Creio».
Eu renuncio, eu creio: isto está na base do Baptismo.
É uma opção responsável, que deve ser traduzida em gestos concretos de confiança em Deus.
O acto de fé supõe um compromisso que o próprio Baptismo ajudará a manter com perseverança nas várias situações e provas da vida.
Recordemos a antiga sabedoria de Israel: «Meu filho, se te apresentares para servir o Senhor, prepara-te para a tentação» (Eclo 2, 1), ou seja, prepara-te para o combate.
E a presença do Espírito Santo concede-nos a força para lutar bem.

Estimados irmãos e irmãs, quando molhamos a mão na água benta — ao entrar numa igreja, tocamos a água benta — e fazemos o sinal da Cruz, pensemos com alegria e gratidão no Baptismo que recebemos — esta água benta recorda-nos o Baptismo — e renovemos o nosso “Amém” — “Estou feliz” — para viver imersos no amor da Santíssima Trindade.



Fontes: Santa Sé; L’Osservatore Romano




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