Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

domingo, 4 de maio de 2014

POR QUE NÃO VÃO OS JOVENS À MISSA?

Rui Osório


Se fosse pessimista, diria que as igrejas católicas se esvaziam cada vez mais.

A cultura cristã, gramática fundamental para ler, ordenar e representar o mundo, também sofre de anemia, com riscos não apenas para a Igreja, mas para a sociedade, a nossa, de inegável matriz cristã, mas com raízes secas.

Se eu fosse ciumento, a caminho da missa dominical na minha paróquia, teria mágoa por nem sequer ter comigo a celebrar a fé uma pequena percentagem de quantos – e são muitos, meu Deus! – percorrem as marginais do rio e do mar, dando ao pedal ou correndo com pé ligeiro para retemperar energias, à procura do elixir da juventude.
A idolatria do corpo com espíritos enfezados por alergia a práticas espirituais, que, sendo gratuitas, não são supérfluas.

Os jovens, muito em particular, são hoje a geração em rede, conectados com uns com os outros e alimentados com do fast food digital.
É uma geração incrédula a quem custa encontrar Deus e a Igreja.

Na opinião do teólogo italiano Armando Matteo, é “a primeira geração incrédula do Ocidente”.
Descreve-a assim: “Uma geração que não se opõe contra Deus ou contra a Igreja, mas uma geração que está a aprender a viver sem Deus e sem a Igreja”.
Aponta os sinais da incredulidade e do desinteresse dos jovens em relação a Deus e à Igreja: “Ignorância profunda da cultura bíblica; escassa participação na formação cristã pós-crismal; e notável desenvoltura na deserção da assembleia eucarística dominical”.

Há jovens que ainda mantêm ligação afectiva a alguns ritos da Igreja, mas a sua fé não tem consistência.
É uma juventude pós-moderna que não teve ou teve apenas uma evangelização no seio da família ou da escola.
Na Igreja, que pouco frequentam, não encontram compensação para o seu défice de formação cristã; e a cultura reinante no seu meio social é indiferente ao Cristianismo.

Por que razão os jovens faltam à missa?
Se as missas paroquiais provocam tédio, a solução estará em missas mais atractivas?
Mas, bastará limpar a fachada, sem cuidar dos interiores?

Os adultos, padres incluídos, têm a tentação de cair na nostalgia, lembrando que, dantes, na sua juventude, não era assim.
Previno-os que tenham cuidado, não vá a sua nostalgia tomar-lhes conta da alma, atrofiando a imaginação com sonhos de sépia que impedem a visão luminosa de novos horizontes para hoje e para amanhã.

A prestigiada revista espanhola “Vida Nueva”, fazendo reportagem sobre a indiferença religiosa dos jovens, defendia que é necessário “fazer da missa a fonte e cume da vida cristã, começando pelos alicerces e não pela fachada”.

Isso acontecerá quando os agentes pastorais deixarem o “cristianismo sociológico”, para tornar viável, nas pessoas que despertam e crescem na fé, o “cristianismo de seguimento” de Jesus Cristo.


Fonte: Coluna de opinião do Sr. Cónego Rui Osório na Voz Portucalense de 30Abr2014

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