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Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

sábado, 16 de setembro de 2017

COLÔMBIA, TEM FUTURO UM POVO QUE MOSTRA CRIANÇAS COM ORGULHO




A viagem à Colômbia foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira 13 de Setembro
   
   
O Papa falou do lema da viagem “Dêmos o primeiro passo”, escolhido em referência ao processo de reconciliação que a Colômbia está a viver para sair de meio século de conflito interno.

Mas com a ajuda de Deus o caminho já começou.
Com a minha visita quis abençoar o esforço daquele povo, confirmá-lo na fé e na esperança, e receber o seu testemunho, que é uma riqueza para o meu ministério e para toda a Igreja.
O testemunho deste povo é uma riqueza para toda a Igreja.”

...“dar o primeiro passo” — o lema da viagem — significa aproximar-se, inclinar-se, tocar a carne do irmão ferido e abandonado.
E fazê-lo com Cristo, o Senhor que se tornou escravo por nós.
Graças a Ele há esperança, porque Ele é a misericórdia e a paz.”



Texto integral da catequese do Santo Padre:

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça São Pedro, Quarta-feira, 13 de Setembro de de 2017

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Como sabeis, nos dias passados realizei a viagem apostólica à Colômbia.
De todo o coração dou graças ao Senhor por este grande dom; e desejo renovar a expressão do meu reconhecimento ao Senhor Presidente da República, que me recebeu com tanta cortesia, aos Bispos colombianos que muito trabalharam — para preparar esta visita, assim como às Autoridades do país, e a quantos colaboraram com a realização desta visita.
Transmito um agradecimento especial ao povo colombiano que me acolheu com muito afecto e tanta alegria!
Um povo jubiloso entre os muitos sofrimentos, mas alegre; um povo com esperança.
Um dos aspectos que mais me impressionaram em todas as cidades, no meio da multidão, foram os pais e as mães com os filhos, que os erguiam para que o Papa os abençoasse, mas também com orgulho mostravam os próprios filhos como se dissessem: “Este é o nosso orgulho! Esta é a nossa esperança”.
Pensei: um povo capaz de ter filhos e de os mostrar com orgulho, como esperança: este povo tem futuro.
Gostei muito disto.

De modo particular nesta viagem senti a continuidade com os dois Papas que antes de mim visitaram a Colômbia: o beato Paulo VI, em 1968, e São João Paulo II, em 1986.
Uma continuidade fortemente animada pelo Espírito, que guia os passos do povo de Deus nos caminhos da história.

O lema da viagem foi “Demos el primer paso”, isto é, “Dêmos o primeiro passo”, referido ao processo de reconciliação que a Colômbia vive para sair de meio século de conflito interno, que semeou sofrimentos e inimizades, causando tantas feridas, difíceis de cicatrizar.
Mas com a ajuda de Deus o caminho já começou.
Com a minha visita quis abençoar o esforço daquele povo, confirmá-lo na fé e na esperança, e receber o seu testemunho, que é uma riqueza para o meu ministério e para toda a Igreja.
O testemunho deste povo é uma riqueza para toda a Igreja.

A Colômbia — como a maior parte das nações latino-americanas — é um país no qual as raízes cristãs são fortíssimas.
E se este facto torna ainda mais aguda a dor pela tragédia da guerra que o dilacerou, ao mesmo tempo constitui a garantia da paz, o firme fundamento da sua reconstrução, a linfa da sua esperança invencível.
É evidente que o maligno quis dividir o povo para destruir a obra de Deus, mas também é evidente que o amor de Cristo, a sua infinita Misericórdia é mais forte do que o pecado e a morte.

Esta viagem levou a bênção de Cristo, a bênção da Igreja ao desejo de vida e de paz que transborda do coração daquela nação: pude observar isto nos olhos dos milhares e milhares de crianças, adolescentes e jovens que encheram a praça de Bogotá e que encontrei em toda parte; aquela força de vida que também a própria natureza proclama com a sua exuberância e a sua biodiversidade.
A Colômbia é o segundo país do mundo pela biodiversidade.
Em Bogotá pude encontrar-me com os Bispos do país e também com o Comité Directivo da Conferência Episcopal Latino-americana.
Dou graças a Deus por os ter podido abraçar e lhes ter dado o meu encorajamento pastoral, para a sua missão ao serviço da Igreja, sacramento de Cristo nossa paz e nossa esperança.

O dia dedicado de modo particular ao tema da reconciliação, momento culminante de toda a viagem, foi realizado em Villavicencio.
Na parte da manhã houve a grande celebração eucarística, com a beatificação dos mártires Jesús Emilio Jaramillo Monsalve, bispo, e Pedro María Ramírez Ramos, sacerdote; à tarde, a especial Liturgia de Reconciliação, simbolicamente orientada para o Cristo de Bocayá, sem braços nem pernas, mutilado como o seu povo.

A beatificação dos dois mártires recordou plasticamente que a paz se funda também e talvez sobretudo, no sangue de tantas testemunhas do amor, da verdade, da justiça, e de mártires verdadeiros, assassinados pela fé, como os dois que acabei de citar.
Ouvir as suas biografias foi comovedor até às lágrimas: lágrimas de dor e de alegria ao mesmo tempo.
Diante das relíquias e das suas imagens, o santo povo fiel de Deus sentiu com força a própria identidade, com dor, pensando nas muitas, demasiadas vítimas, e com alegria, pela misericórdia de Deus que se estende sobre os que o temem (cf. Lc 1, 50).

«Misericórdia e verdade encontrar-se-ão, / justiça e paz beijar-se-ão» (Sl 85, 11), escutámos no início.
Este versículo do salmo contém a profecia do que aconteceu deveras na última sexta-feira na Colômbia; a profecia e a graça de Deus por aquele povo ferido, a fim de que possa ressurgir e caminhar numa vida nova.
Vimos estas palavras proféticas cheias de graça encarnadas nas histórias das testemunhas, que falaram em nome de muitos e muitos que, a partir das suas feridas, com a graça de Cristo, saíram de si mesmos e abriram-se ao encontro, ao perdão, à reconciliação.

Em Medellín a perspetiva foi a da vida cristã como discipulado: a vocação e a missão.
Quando os cristãos se esforçam até ao fim no caminho do seguimento de Jesus Cristo, tornam-se deveras sal, luz e fermento no mundo, e vêem-se frutos abundantes.
Um destes frutos são os Hogares, isto é as casas onde crianças e adolescentes feridos pela vida podem encontrar uma nova família na qual são amados, acolhidos, protegidos e acompanhados.
Outros frutos, abundantes como cachos, são as vocações à vida sacerdotal e consagrada, que pude abençoar e encorajar com alegria num encontro inesquecível com os consagrados e os seus familiares.

Por fim, em Cartagena, a cidade de São Pedro Claver, apóstolo dos escravos, o “focus” foi sobre a promoção da pessoa humana e dos seus direitos fundamentais.
São Pedro Claver, e também mais recentemente santa Maria Bernarda Bütler, deram a vida pelos mais pobres e marginalizados, mostrando assim a via da verdadeira revolução, a evangélica, não ideológica, que liberta deveras as pessoas e as sociedades das escravidões de ontem e, infelizmente, também de hoje.
Neste sentido, “dar o primeiro passo” — o lema da viagem — significa aproximar-se, inclinar-se, tocar a carne do irmão ferido e abandonado.
E fazê-lo com Cristo, o Senhor que se tornou escravo por nós.
Graças a Ele há esperança, porque Ele é a misericórdia e a paz.

Novamente confio a Colômbia e o seu amado povo à Mãe, Nossa Senhora de Chiquinquirá, que pude venerar na catedral de Bogotá.
Com a ajuda de Maria, cada colombiano todos os dias possa dar o primeiro passo em direcção do irmão e da irmã, e assim construir juntos, dia após dia, a paz no amor, na justiça e na verdade.



Fontes: Santa Sé; Rádio Vaticano



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