Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

REZEM PELOS GOVERNANTES NÃO OBSTANTE OS SEUS ERROS




O pedido do Papa Francisco na homilia da Eucaristia desta manhã na Capela da Casa Santa Marta
   
   
Foi um verdadeiro “manual do bom político” aquele que o Papa Francisco sugeriu na Eucaristia desta manhã.

Ao comentar as leituras da liturgia, o Pontífice realçou imediatamente que «no centro há os governantes».
Na primeira leitura, tirada da primeira Carta a Timóteo (2, 1-8), Paulo aconselha «a fazer orações pelos governantes: por todos, também por quantos não governam».

Em seguida, no Evangelho de Lucas (7, 1-10) «vimos um governante que reza: este centurião é um governante, e tinha um problema com um servo que estava doente».
Mas «há uma frase, ali, que chama a atenção: “Ama o nosso povo”».
Portanto, afirmou o Papa, «há o governante que ama um povo» mesmo sendo «estrangeiro».
E «amava o seu servo: preocupava-se porque amava e pelo facto de se preocupar foi procurar a solução para resolver este problema da doença.
E foi ter com Jesus, rezou».

«Este homem, fez notar o Santo Padre, sentiu a necessidade da oração: mas porquê? Certamente porque amava».
Mas também «porque tinha a consciência que não era o dono de tudo, que não era a última instância».
Lucas cita as palavras do centurião romano: «Com efeito, também eu estou na condição de subalterno, e tenho subalternos que dependem de mim».
São palavras que, explicou o Papa, exprimem «a consciência do governante que sabe que acima dele há outro que comanda.
E isto leva-o a rezar».

«O governante tem esta consciência, reza» reafirmou o Papa.
Aliás, «se não rezasse, fechar-se-ia na própria autorreferencialidade ou naquela do seu partido, naquele círculo do qual não pode sair: é um homem fechado em si mesmo».
Mas «quando vê os verdadeiros problemas, e tem esta consciência de subalternidade, o governante reza» explicou.
Porque está ciente de «que existe outra pessoa que tem mais poder do que ele».

Certamente, acrescentou, surgiria espontâneo questionar-nos «quem tem mais poder do que um governante?».
E a resposta, relançou o Papa Francisco, é «o povo, que lhe deu o poder, e Deus, do qual vem o poder através do povo».

Precisamente «por esta razão – afirmou o Papa – os governantes devem pedir esta sabedoria: “Senhor, dá-me a sabedoria; Senhor, não me prives da consciência de subalternidade em relação a ti e ao teu povo, que eu possa encontrar ali a minha força e não no pequeno grupo ou em mim mesmo”».

Por conseguinte, reiterou o Pontífice, «é tão importante que os governantes rezem: é tão importante».
Contudo, prosseguiu, talvez «alguém me possa dizer: “Padre, é verdade o que o senhor diz, mas eu não sou crente, sou agnóstico, sou ateu”».
A resposta do Papa foi: «Está bem, mas confronta-te: se não podes rezar, confronta-te com a tua consciência; confronta-te com os sábios; chama os sábios do teu povo e confronta-te com eles».
Portanto, «se não puderes rezar, faz pelo menos isto, mas não permaneças sozinho com o pequeno grupo do teu partido.
Não, isto é autorreferencial: sai, procura o conselho fora, na oração ou confrontando-te com quantos podem aconselhar-te».
E «esta é a oração do governante».

Na primeira leitura, recordou o Papa Francisco, «Paulo fala-nos, aconselhando-nos a rezar pelos governantes: “Que se façam – aconselhou – perguntas, súplicas, orações e agradecimentos por todos os homens, pelo rei – por todos os reis – e por todos os que estão no poder, pelos governantes, para que possam levar uma vida calma e tranquila, digna, dedicada a Deus».
Por conseguinte, recomendou Paulo, «o povo deve rezar pelos governantes e nós não temos uma consciência forte disto: quando um governante faz algo do qual não gostamos, falamos mal dele; se faz algo que apreciamos: “ah, que bom!”.
Mas deixamo-lo sozinho, deixamo-lo com o seu partido, que se arranje com o Parlamento, mas sozinho».

E talvez há quem se safe dizendo: «Votei nele» ou «Não votei nele, faça a sua parte».
Ao contrário, insistiu o Santo Padre, «não podemos deixar os governantes sozinhos: devemos acompanhá-los com a oração».
Os cristãos «devem rezar pelos governantes».
E também neste caso, frisou o Papa, alguém poderia objectar: «Padre, como posso rezar por ele que faz muitas coisas más?».
Precisamente neste momento «tem ainda mais necessidade: reza, faz penitência pelo governante!».

O Papa conclui pedindo que se faça um exame de consciência sobre a oração pelos governantes:

«Devemos crescer nesta consciência de rezar pelos governantes».
«Peço-vos um favor: cada um de vós dedique cinco minutos, não mais.
Se for governante, que se pergunte: «Será que eu rezo por quem me deu o poder mediante o povo?».
Se não for governante, “rezo pelos governantes?
Sim, por este e por aquele sim, porque gosto deles; por aqueles, não”».
Mas são precisamente estes que «mais precisam».
Portanto, é oportuno questionar-se:
«Rezo por todos os governantes?
E se achardes, quando fizerdes o exame de consciência antes de vos confessar, que não rezastes pelos governantes, confessai-o.
Porque o facto de não rezar pelos governantes é um pecado».

E sugeriu pedir «ao Senhor nesta missa a graça de nos ensinar a rezar pelos nossos governantes: por todos os que estão no poder, como nos ensina Paulo».
E «também a graça a fim de que os governantes rezem».


Fontes: Rádio Vaticano; L'Osservatore Romano


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