Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

A MISSA NÃO É UM ESPECTÁCULO




Nas audiências gerais o Papa Francisco iniciou um ciclo de catequeses dedicado à Eucaristia
   
   
O «coração» da Igreja é a Eucaristia, mas parece que muitos cristãos não compreendem plenamente esta importância.
Por isso o Papa Francisco, na audiência geral de quarta-feira 8 de Novembro na praça de São Pedro, iniciou uma nova série de catequeses, com o objectivo de fazer «compreender bem o valor e o significado da Santa Missa» e «redescobrir, ou descobrir, como o amor de Deus resplandece através deste mistério da fé».

Com evidente preocupação o Papa criticou a superficialidade com que frequentemente participamos na missa:

Se hoje viesse aqui o Presidente da República ou qualquer pessoa muito importante do mundo, certamente todos estaríamos perto dela, e gostaríamos de a saudar.
Mas repara: quando tu vais à missa, o Senhor está lá!
E tu distrais-te.”

Neste sentido depois evidenciou o mau hábito – inclusive de «alguns sacerdotes e bispos» – de usar os telemóveis durante as celebrações:

Por favor! A Missa não é um espectáculo: significa ir encontrar a paixão e a ressurreição do Senhor.
Por isso o sacerdote diz: “Corações ao alto”.
Que significa isto?
Recordai-vos: não levanteis os telefones.”

As próximas catequeses responderão a simples perguntas sobre a missa, acerca da sua estrutura e dos seus sinais.

Começando pelo da cruz: «Vistes como fazem as crianças o sinal da cruz?», perguntou aos presentes lamentando que com demasiada frequência se notam gestos confusos e desajeitados.
Mas é preciso, recomendou, «ensinar bem às crianças a fazer o sinal da cruz», símbolo da redenção do homem.



PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Quarta-feira, 8 de Novembro de 2017

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

Iniciamos hoje uma nova série de catequeses, que fixará o olhar no “coração” da Igreja, ou seja, na Eucaristia.
Para nós cristãos, é fundamental compreender bem o valor e o significado da Santa Missa, a fim de viver cada vez mais plenamente a nossa relação com Deus.

Não podemos esquecer o grande número de cristãos que, no mundo inteiro, em dois mil anos de história, resistiram até à morte para defender a Eucaristia; e quantos, ainda hoje, arriscam a vida para participar na Missa dominical.
No ano de 304, durante as perseguições de Diocleciano, um grupo de cristãos, do norte de África, foram surpreendidos a celebrar a Missa numa casa e foram aprisionados.
O procônsul romano, no interrogatório, perguntou-lhes por que o fizeram, sabendo que era absolutamente proibido.
E eles responderam: «Sem o domingo não podemos viver», que significava: se não podemos celebrar a Eucaristia, não podemos viver, a nossa vida cristã morreria.

Com efeito, Jesus disse aos seus discípulos: «se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia» (Jo 6, 53-54).

Aqueles cristãos do norte de África foram assassinados porque celebravam a Eucaristia.
Deixaram o testemunho de que se pode renunciar à vida terrena pela Eucaristia, porque ela nos dá a vida eterna, tornando-nos partícipes da vitória de Cristo sobre a morte.
Um testemunho que nos interpela a todos e exige uma resposta acerca do que significa para cada um de nós participar no Sacrifício da Missa e aproximarmo-nos da Mesa do Senhor.
Estamos à procura daquela nascente da qual “jorra água viva” para a vida eterna?, que torna a nossa vida um sacrifício espiritual de louvor e de agradecimento e faz de nós um só corpo com Cristo?
É este o sentido mais profundo da sagrada Eucaristia, que significa “agradecimento”: agradecimento a Deus Pai, Filho e Espírito Santo que nos abrange e nos transforma na sua comunhão de amor.

Nas próximas catequeses gostaria de responder a algumas perguntas importantes sobre a Eucaristia e a Missa, a fim de redescobrir, ou descobrir, como o amor de Deus resplandece através deste mistério da fé.

O Concílio Vaticano II foi fortemente animado pelo desejo de levar os cristãos a compreender a grandeza da fé e a beleza do encontro com Cristo.
Por este motivo era necessário antes de mais realizar, com a ajuda do Espírito Santo, uma adequada renovação da Liturgia, porque a Igreja vive
continuamente dela e renova-se graças a ela.

Um tema central que os Padres conciliares frisaram foi a formação litúrgica dos fiéis, indispensável para uma verdadeira renovação.
E é precisamente esta também a finalidade deste ciclo de catequeses que hoje iniciamos: crescer no conhecimento do grande dom que Deus nos concedeu na Eucaristia.

A Eucaristia é um acontecimento maravilhoso no qual Jesus Cristo, nossa vida, se faz presente.
Participar na Missa «é viver outra vez a paixão e a morte redentora do Senhor.
É uma teofania: o Senhor torna-se presente no altar para ser oferecido ao Pai pela salvação do mundo» (Homilia, Santa Marta, 10 de Fevereiro de 2014).
O Senhor está ali connosco, presente.
Muitas vezes nós vamos ali, olhamos para as coisas, falamos entre nós enquanto o sacerdote celebra a Eucaristia... e não celebramos ao lado d’Ele.
Mas é o Senhor!
Se hoje viesse aqui o Presidente da República ou qualquer pessoa muito importante do mundo, certamente todos estaríamos perto dela, e gostaríamos de a saudar.
Mas repara: quando tu vais à missa, o Senhor está lá!
E tu distrais-te.
É o Senhor!
Devemos pensar nisto.
Padre, mas as missas são tediosas" — “Que dizes, o Senhor é tedioso?" — Não, a Missa não, os sacerdotes" — "Ah, que os sacerdotes se convertam, mas é o Senhor quem está ali!”.
Está claro? Não o esqueçais.
«Participar na Missa é como viver outra vez a paixão e a morte redentora do Senhor».

Procuremos agora fazer-nos algumas perguntas simples.
Por exemplo, por que fazemos o sinal da cruz e o acto penitencial no início da Missa?
E aqui gostaria de fazer outro parêntese.
Vistes como fazem as crianças o sinal da cruz?
Não se sabe o que fazem, se é o sinal da cruz ou um desenho.
Fazem assim [o Papa fez um gesto desajeitado].
É preciso ensinar bem às crianças a fazer o sinal da cruz.
Assim começa a Missa, assim começa a vida, assim começa o dia.
Isto significa que somos remidos com a cruz do Senhor.
Olhai para as crianças e ensinai-lhes a fazer bem o sinal da cruz.
E aquelas Leituras, na Missa, porque se fazem?
Por que se lêem ao domingo três Leituras e nos outros dias duas?
Por que estão ali, o que significa a Leitura da Missa?
Por que se lêem e o que têm a ver?
Ou então, por que a um certo ponto o sacerdote que preside à celebração diz: “Corações ao alto?”.
Não diz: “Telefones ao alto para fazer fotografias!”.
Não, não é agradável!
E digo-vos que me causa muita tristeza quando celebro aqui na Praça ou na Basílica e vejo tantos telefones elevados, não só dos fiéis, mas até de alguns sacerdotes e bispos.
Por favor! A Missa não é um espectáculo: significa ir encontrar a paixão e a ressurreição do Senhor.
Por isso o sacerdote diz: “Corações ao alto”.
Que significa isto?
Recordai-vos: não levanteis os telefones.

É muito importante voltar aos fundamentos, redescobrir aquilo que é essencial, através do que se toca e se vê na celebração dos Sacramentos.
O pedido do apóstolo São Tomé (cf. Jo 20, 25), para poder ver e tocar as chagas dos pregos no corpo de Jesus, é o desejo de poder de alguma forma “tocar” Deus para acreditar nele.
O que São Tomé pede ao Senhor é aquilo de que todos nós precisamos: vê-lo e tocar nele para o poder reconhecer.
Os Sacramentos vêm ao encontro desta exigência humana.
Os Sacramentos, e a celebração eucarística de maneira especial, são os sinais do amor de Deus, os caminhos privilegiados para nos encontrarmos com Ele.

Assim, através destas catequeses que hoje começam, gostaria de redescobrir juntamente convosco a beleza que se esconde na celebração eucarística, e que, quando é revelada, dá pleno sentido à vida de cada um.
Nossa Senhora nos acompanhe neste novo percurso.
Obrigado.


Fontes: Santa Sé; L'Osservatore Romano


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